20.6.07

BOPE - O combate

Os dois brasis que só se comunicam na linguagem dos fuzis

6 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Mestre Sandro,

Da Física sabemos que a cada ação corresponde uma reação. Grosso modo, quando um de nós finalmente consegue alçar vôo neste Brasil do apagão de tudo, estamos reagindo à ação do motor do avião.

A sociedade não é diferente. Ao assistir “BOPE - O combate”, ficamos sabendo que treinamos a melhor polícia urbana do mundo. Minha reação imediata foi de orgulho. Mas sem desmerecer esses verdadeiros heróis que arriscam suas vidas para nos proteger, pensando um pouco mais eu concluí que estava errado. Criamos a melhor polícia em reação à ação dos piores bandidos do mundo. A cena macabra que comprova isso é narrada por um dos atores reais do documentário, um soldado: “em que capital do mundo é possível observar o céu iluminado por munição traçante sem que o país esteja em guerra?”.

Estamos tratando a doença de forma paliativa. Sabemos como evitá-la, mas não temos força política (ou estamos como que anestesiados) para fazê-lo. A resposta está na educação. Recentemente o prof. Cristovam Buarque escreveu no Jornal do Commércio um artigo intitulado “O Verdadeiro Escândalo”, onde faz uma previsão ainda mais sombria do que as cenas vistas no nosso documentário. Ele diz: “Neste novo século, não haverá futuro para uma pessoa sem boa qualificação profissional”. Em outro trecho, acrescenta: “No entanto, a cada ano, o Brasil deixa para trás milhões de crianças sem escola, e quase três milhões presas ao trabalho”. No artigo, Buarque analisa a situação da educação no Brasil e dá a sua visão das causas de tais absurdos.

Voltando ao nosso documentário. Numa determinada passagem vê-se um jovem que não deve ter mais de 16 anos, cuja face foi escondida. O menino faz apologia ao que parece, para ele, ser um jogo entre polícia e bandido. Em certo ponto diz o menino: “... fazemos festa quando matamos um inimigo...” (leia-se policial). O respeito pela vida e a dignidade para ele não mais existem. A seqüência natural da vida deste jovem, de crescer, trabalhar, ter filhos, tem enormes probabilidades de ser brutalmente abreviada.

A sociedade precisa sair desta letargia; não é mais possível nos comportarmos como zumbis diante da contínua involução dos padrões de vida até níveis irracionais. Podemos começar com um conselho dado por Buarque em seu artigo: “definir um prazo para acabar com a vergonha das crianças fora da escola. Podemos pôr fim a esse verdadeiro escândalo, se tivermos vontade para isso.” A esta ação a sociedade certamente reagirá de forma positiva. Caso contrário, permaneceremos na situação identificada pelo mestre Sandro: teremos somente as armas como forma de comunicação.

Axel Dihlmann

Sandro Sell disse...

De fato, Axel, a educação é nossa única e última esperança, pois se ela nâo funcionar, ou seja, se o ser humano devidamente educado, não decidir-se por ser um sujeito ético - ou pelo menos não tão violento - teremos fracassado não enquanto geração, mas enquanto espécie...

Anônimo disse...

Se analisarmos a atuação do BOPE no Rio de Janeiro, logo percebemos que aquela unidade não está nem de longe, fazendo policiamento, pelo menos aos moldes do que preceitua a Constituição Federal ou qualquer outro manual técnico de procedimentos de polícia ostensiva. É combate puro, são técnicas de combate próprias de guerra ou guerrilha. Assim, se a Policia Militar do Rio de Janeiro, criou essa unidade e adotou técnicas de combate, foi em razão das necessidades que foram surgindo e que exigiram uma reação a altura.
Na minha opinião, o Estado somente teria a permissão de reagir com tal violência, em caso de grave ameaça ao sistema, desse modo haveria a nessecidade de adotar as exceções previstas no ordenamento vigente, com as restrições de garantias e direitos previstos em tal situação. Ocorre que no caso em questão. não vemos nada disso, é simplesmente rotina de policiamento...ou seja, Soldados assumem o serviço pela manhã, se armam, se abastecem de munição e parte para a batalha. Fazer frente ao crime, não é sair por ai metralhando áreas habitadas por civis inocentes, até porque, os cidadãos, que moram em tais áreas, jä estão ali pela omissão do Estado...e agora, perecem pela acão violenta do mesmo Estado.
O impressionante silêncio do Ministério Público, OAB, e outras ONGs, deixa evidente uma coisa, o Estado age de acordo com a necessidade... ou seja, age de modo a subsistir ante a uma ameaça real. Assim, muda sua ética, buscando a mais adequada para a situação...e a sociedade de um modo geral aceita, prova disso, foi a adoção dos regimes na américa latina, nas décadas de 60, 70 e 80... muitos dos que hoje blasfemam em relação aquele tempo maldito...sentiam-se confortáveis ou até mesmo indiferente äquela forma de controle social rígido. Mais recentemente, podemos verificar a mesma situação nos EUA por exeemplo, considerado o país onde as pessoas tinham a liberdade de pensarem e manifestarem livremente seus pensamentos.Depois do fatídico 11 de setembro.passou a ter ingerência na vida privada de seus cidadãos, através do rastreamento de suas comunicações teleficas, e-mails Etc. outro exemplo: A Ingaterra, a polícia inglesa era conhecida por não portar armas, tal era o respeito pela vida dos cidadãos britânicos. Bastou a ameaça do terrorismo rondar a sociedade inglesa, que novas medidas de policiamento foram adotadas...ou seja, ao que se pode ver, hoje é até permitido "fuzilar" um suspeito em via pública, ou na estação de metrô, sem qualquer julgamento, em nome da garantia do bem estar e da segurança comum. exageros a parte...foi esse o tratamento que o brasileiro Jean Charles, recebeu da polícia londrina. E pasmem, os policiais nem foram condenados, pois se fossem, acabariam por desestimular os demais policiais, no combate ao terrorismo. o certo agora, não é só respeitar a vida dos cidadãos, também é, mas o mais correto agora, é combater o terrorismo. assim, resta evidente que a “Moral do Estado é diferente da Moral do indivíduo”, a primeira é alterada ou melhor, ajustada ao modo mais conveniente, e nem pode ser diferente, já que todos nós precisamos que o Estado subsista.
Voltando ao caso da atuação do BOPE, fica evidente que não é a mais humana, mas certamente é a mais adequada....o Estado está ameaçado então...foi obrigado a adotar uma medida digamos...pouco ortodoxa, para os padrões da moral e da ética atual...mas como o Estado é dono da Moral e da Ética...ou melhor, possui a senha de acesso que permite mudar a Moral e a Ética e adequá-las a nova realidade...logo logo, se não já...aceitaremos a atuação do BOPE...metralhando áreas habitadas por civis, sem estarmos em guerra, como sendo um fato normal do dia a dia.

Unknown disse...

Prezado Prof. Sell,

Parabéns pela escolha do vídeo, embora concordo com um dos comentarista, que tais cenas não nos orgulham, e explicitam uma reação ao ambiente.

Tal vídeo enseja uma fértil reflexão sobre uma guerra...

Como pesquisadora do ambiente, me choca e ao mesmo tempo me fascina a organização do espaço e a distribuição das pessoas nesses ambientes: favela.

Como venho da área do desenvolvimento humano... sabia que são altos: o índice de fraturas em crianças e a procura pela ortopedia nos hospitais públicos do Rio?

E uma vez que entra nas estatítiscas da Secretaria da Saúde, se demanda atenção para o assunto, então vamos "conscientizar" (adoro essa atitude!) as pessoas sobre a necessidade e importância de se colocar / construir muros, barreiras, corrimão, que impeçam as crinças de caírem das lajes dos barracos.

Sabe qual é a maior dificuldade encontrada? Limitar seus sonhos em de crescerem na vida... "subirem na vida"... pois tais barreiras implicam que por um tempo (sabe-se lá quanto tempo!) terão de interromper o sonho em aumentar o barraco...

É isso, nós que colocamos nosso foco no comportamento humano, nos deparamos com as inúmeras condições de sermos humanos.

Prpf. Ana Beatriz Rocha Lima

Unknown disse...

Prezado Prof. Sell,

Parabéns pela escolha do vídeo, embora concordo com um dos comentarista, que tais cenas não nos orgulham, e explicitam uma reação ao ambiente.

Tal vídeo enseja uma fértil reflexão sobre uma guerra...

Como pesquisadora do ambiente, me choca e ao mesmo tempo me fascina a organização do espaço e a distribuição das pessoas nesses ambientes: favela.

Como venho da área do desenvolvimento humano... sabia que são altos: o índice de fraturas em crianças e a procura pela ortopedia nos hospitais públicos do Rio?

E uma vez que entra nas estatítiscas da Secretaria da Saúde, se demanda atenção para o assunto, então vamos "conscientizar" (adoro essa atitude!) as pessoas sobre a necessidade e importância de se colocar / construir muros, barreiras, corrimão, que impeçam as crinças de caírem das lajes dos barracos.

Sabe qual é a maior dificuldade encontrada? Limitar seus sonhos em de crescerem na vida... "subirem na vida"... pois tais barreiras implicam que por um tempo (sabe-se lá quanto tempo!) terão de interromper o sonho em aumentar o barraco...

É isso, nós que colocamos nosso foco no comportamento humano, nos deparamos com as inúmeras condições de sermos humanos.

Prpf. Ana Beatriz Rocha Lima

Anônimo disse...

Prezado Prof. Sell,

Parabéns pela escolha do vídeo, embora concordo com um dos comentarista, que tais cenas não nos orgulham, e explicitam uma reação ao ambiente.

Tal vídeo enseja uma fértil reflexão sobre uma guerra...

Como pesquisadora do ambiente, me choca e ao mesmo tempo me fascina a organização do espaço e a distribuição das pessoas nesses ambientes: favela.

Como venho da área do desenvolvimento humano... sabia que são altos: o índice de fraturas em crianças e a procura pela ortopedia nos hospitais públicos do Rio?

E uma vez que entra nas estatítiscas da Secretaria da Saúde, se demanda atenção para o assunto, então vamos "conscientizar" (adoro essa atitude!) as pessoas sobre a necessidade e importância de se colocar / construir muros, barreiras, corrimão, que impeçam as crinças de caírem das lajes dos barracos.

Sabe qual é a maior dificuldade encontrada? Limitar seus sonhos em de crescerem na vida... "subirem na vida"... pois tais barreiras implicam que por um tempo (sabe-se lá quanto tempo!) terão de interromper o sonho em aumentar o barraco...

É isso, nós que colocamos nosso foco no comportamento humano, nos deparamos com as inúmeras condições de sermos humanos.

Prpf. Ana Beatriz Rocha Lima