A morte narra:Mas, na essência, é o seguinte:
Professor de Direito e Sociologia
Autor de "Ação afirmativa e democracia racial" (2002)
e "Comportamento social e anti-social humano" (2006)
A morte narra:
Seria um tanto ridículo ser contra os cães da raça pit bull em si mesmos. Enquanto seres vivos, esses animais têm seu valor intrínseco e merecem um tratamento respeitoso e protetor. Mas parece razoável concluir que não se tratam de criaturas adequadas para conviverem entre humanos, como se fossem uma raça de cães qualquer. A história das motivações dos homens que “projetaram” esse cão - para o combate sem tréguas - hoje condena a possibilidade de circularem livremente entre nós. O sangue do guerreiro destemido, de um kamikaze preparado para as ultimas conseqüências na arena, ferve-lhe nas veias, não raro transbordando em violência contra a espécie que os criou.No país onde a pirataria do CD do filme Tropa de Elite foi considerada um crime maior do que a matança oficial mostrada no filme (se houvesse autoridades neste país estaria em curso a CPI da matança do BOPE-RJ); no país onde polícia má é aquela que leva propina para não matar e polícia boa é a que mata sem levar propina, - diferença insistentemente mostrada no filme; no país em que até ontem se chamava de heróis alguns traficantes de morro, porque eles davam morte mas também ambulância para uma assustada população, e que agora quer tornar heróis sujeitos que utilizam caveiras como símbolos (piratas? Isso lá é símbolo aceitável num Estado democrático de direito!) e que usam saquinhos de supermercado para fazer interrogatórios; num país assim, só há mesmo uma saída: ficar rico - aí você não apanha nem de um lado nem do outro (Traficantes de morro e BOPE são apenas instrumentos para aterrorizar os mais vulneráveis, aqueles miseráveis que já não sabem se é melhor entregar o traficante para a polícia - e morrer pelas mãos do Baiano - ou entregar a polícia para o traficante - e morrer nas mãos do Capitão Nascimento!) . Mas se você não é rico e está achando que os capitães nascimento da vida salvarão o país da violência, você é, na melhor das hipóteses, um ingênuo; na pior, um idiota. Pense como quiser, mas quando alguém de sua família for submetido a um procedimento policial arbitrário (de tapinhas a tiros) festeje, comemore, diga que seguir a lei é coisa para filhinho-de-papai-maconheiro, ou exigência dessa gentalha dos direitos humanos, das ONGs e do Bonde do Foucaut. Mas se não conseguir festejar, se a arbitrariedade tiver sido contra você ou alguém que você muito ama, converta-se, passe para o outro lado, nunca é tarde para largar a burrice...