Esse seqüestro em Campinas, São Paulo, que já dura mais de 45 horas mostra a cautela da Polícia, em particular do GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais) da Polícia Militar, que insiste, à todo custo numa saída negociada, e o despreparo de parte da mídia que fica, repetidamente, sondando sobre se não está se deixando o evento se estender demais. Para as televisões é possível que uma invasão, com gazes, atiradores de elite e metralhadoras, seria o mais adequado. Brito Jr, por exemplo, apresentador do Hoje em dia, ficou exaltando o trabalho do GER (Grupo Especial de Resgate), da Polícia Civil paulista, que chegou no teatro de operações, posicionou atiradores em cima da casa e, com isso, provocou o primeiro disparo do sequestrador. Ele pergunta: "Será que o sequestrador não dormiu não, dando tempo para a polícia fazer algo?".
A polícia está fazendo o certo
Quando se está lidando com um tomador de reféns que já cedeu - ele libertou uma das crianças - quer negociar - ele já fez vários pedidos - e conversa com as pessoas sequestradas sem maltratá-las (ele explicou aos reféns por que queria ser levado ao fórum e não à delegacia), a saída, a melhor saída, é sempre esperar e negociar. O contato próximo e longo entre o sequestrador e os sequestrados pode, inclusive, levar à chamada "Síndrome de Estocolmo", que, para a maior parte dos especialistas, é positiva na situação crítica, já que leva a uma atitude de proteção recíproca entre as vítimas e o criminoso.
Nos EUA, onde se respeita muito cada vida de refém, a doutrina policial é a da negociação longa, só interrompida caso haja risco insuportável à vida dos reféns (por exemplo, se o sequestrador começa a atirar neles). O Brasil, em teoria, segue essa corrente - a única compatível com nosso sistema de direitos e garantias constitucionais. A oposta, é a doutrina russa, da supremacia do interesse público, que, na prática, diz "nós não negociamos com bandidos". O resultado dessa doutrina ficou magistralmente demonstrada no Teatro de Moscou, em 2002, quando a polícia secreta russa (FSB), numa operação fulminante, invadiu o teatro, ocupado há três dias por guerrilheiros chechenos, no qual faziam cerca de 700 reféns. Utilizando gazes venenosos - a princípio para botar todos para dormir - a operação resultou na morte se 118 reféns. E na morte dos sequestradores, claro.
A polícia está fazendo o certo
Quando se está lidando com um tomador de reféns que já cedeu - ele libertou uma das crianças - quer negociar - ele já fez vários pedidos - e conversa com as pessoas sequestradas sem maltratá-las (ele explicou aos reféns por que queria ser levado ao fórum e não à delegacia), a saída, a melhor saída, é sempre esperar e negociar. O contato próximo e longo entre o sequestrador e os sequestrados pode, inclusive, levar à chamada "Síndrome de Estocolmo", que, para a maior parte dos especialistas, é positiva na situação crítica, já que leva a uma atitude de proteção recíproca entre as vítimas e o criminoso.
Nos EUA, onde se respeita muito cada vida de refém, a doutrina policial é a da negociação longa, só interrompida caso haja risco insuportável à vida dos reféns (por exemplo, se o sequestrador começa a atirar neles). O Brasil, em teoria, segue essa corrente - a única compatível com nosso sistema de direitos e garantias constitucionais. A oposta, é a doutrina russa, da supremacia do interesse público, que, na prática, diz "nós não negociamos com bandidos". O resultado dessa doutrina ficou magistralmente demonstrada no Teatro de Moscou, em 2002, quando a polícia secreta russa (FSB), numa operação fulminante, invadiu o teatro, ocupado há três dias por guerrilheiros chechenos, no qual faziam cerca de 700 reféns. Utilizando gazes venenosos - a princípio para botar todos para dormir - a operação resultou na morte se 118 reféns. E na morte dos sequestradores, claro.
Mas essa idéia de não negociar com bandidos não levou à nada. Dois anos depois, os agentes do terror tomam a escola russa de Beslan, onde 250 pessoas morreram após a invasão da polícia.
Portanto, demore o que demorar, a melhor coisa a fazer é negociar.
Mais vale uma negociação morna, ainda que irritante aos telespectadores, do que um fantástico espetáculo de sangue alheio.
Mais vale uma negociação morna, ainda que irritante aos telespectadores, do que um fantástico espetáculo de sangue alheio.
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