3.5.07

Será que existem criminosos VIPs em Santa Catarina?

Hoje foi deflagrada a operação moeda verde da Polícia Federal em Santa Catarina. No grosso, ela apura o envolvimento de figurões do meio empresarial e político catarinense na liberação indevida de licenças ambientais e coisas do gênero. Várias prisões temporárias já foram feitas.

Mas não fiquem com pena, caros leitores, o xadrez deles deve ter mais coisas que a casa de 98% da população catarinense. Isso sem falar em conforto médico – quantos cardiologistas e psiquiatras já devem ter sido contactados para monitorarem o peito e a mente dos pobres trancafiados? Chefes internacionais de cozinha levarão as quentinhas. Além de dezenas de advogados com gravatas que deixariam qualquer Henry Sobel fascinado. Os jornais os tratarão por doutores. E o Hélio Costa não dirá que são “fios desencapados”. Tudo, absolutamente tudo, como manda a lei.

Todos – inclusive eu - reconhecerão que são inocentes até que se prove o contrário. O que nos leva à fulminante conclusão: morrerão como vieram ao mundo: zerados, sem pecados, sem crime, salvo o original – que, no caso de alguns deles, vai ver até que é pirateado.

Há muito já se ouvem rumores do envolvimento de "pessoas importantes" (leia-se, pessoas com dinheiro), com várias formas de crime em Santa Catarina. Mas, deitados que sempre estivemos em berço esplêndido, nunca levamos a fundo essas investigações. Tudo sempre foi tratado como sintoma de inveja daqueles que não faziam parte das patotinhas autoprotetivas da sociedade catarinense.

Santa Catarina cresceu, já é mocinha, não pode mais ser cidade “de donos”, que podem vendê-la ou comprá-la, como fazem o cliente e o cafetão com sua “mercadoria”.

Parabéns à Polícia e à Justiça Federal que longe de manchar a imagem catarinense – como dirá o esquadrão do acobertamento – ajuda a limpá-la.

Há muito já se sabia que Santa Catarina, medida pelas suas elites, de santa não tinha nada.

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Pobre Santa Catarina...

Podemos até imaginar o estrondoso grito que se seguiu ao chute na porta, no mais cinematográfico estilo policial:

"A casa caiu, Santa, desce do andor com as mãos para cima. E se tentar sacar um milagre que seja, leva chumbo."

5 comentários:

Anônimo disse...

Realmente fiquei espantado por hora, mas esperançoso também.
Será que agora que o "negócio" vazou se terá um pouco mais de respeito e um pouco mais de zelo com a nossa ilha maravilhosa?
Vamos elogiar o grande empenho da Polícia Federal, a qual irá compor um enorme conjunto probatório contra os “santinhos do pau oco”; vamos ficar na torcida seja o Ministério Público Federal capaz denunciar a maior parte dessas pessoas que, apesar de estarem juntos no mesmo meio ambiente que nós, não conseguem interagir com este de forma harmônica. Tudo em nome do dinheiro, poder, e as mais variadas paixões humanas; estas seu fracasso como ser humano.

Anônimo disse...

Prezado mestre Sandro,

Como diz o velho ditado, onde há fumaça, há fogo. A operação Moeda Verde, que está sendo levada a cabo pela Polícia Federal, tem magnitude colossal para os padrões do nosso estado. Tanto que muitos se espantam ao saber que ela ocorre justamente numa das capitais mais desejadas do país: belos lugares deveriam reunir gente bonita. Em todos os sentidos.

As ações certamente não se lastreiam no vácuo. Muito menos são atos justiceiros de novatos. Ela ocorre num momento em que se discute um novo Plano Diretor para a cidade, num panorama assolado por especulações e por mudanças nas regras do zoneamento em favor de interesses econômicos escusos.

A Polícia Federal está cumprindo muito bem o seu papel. O que se espera agora é que os fatos venham à tona, permitindo ao Ministério Público cumprir sua função de defesa da ordem jurídica e virar uma página já amarelada na nossa cidade.

Axel Dihlmann

Sandro Sell disse...

Com certeza, meus amigos. Sempre que se discutiu políticas de tolerância zero, eu sustentei que só seria favorável se elas fossem aplicadas em todos os andares sociais (da zeladoria à cobertura). Nenhum de nós certamente quer o ladrãozinho de esquina souto para nos atormentar, muito menos o assassino, mas estes são sujeitos que, pelo menos, não sâo hipócritas e quando agem sabem que, se forem pegos, sofrerão as consequencias, já esses políticos e empresários acreditam - e tinham razões históricas para acreditar - que jamais alguém iria ousar aplicar a lei contra eles. Um dia isso tinha que ter fim. E espero que o começo desse fim esteja ocorrendo...
Um forte abraço.

Anônimo disse...

Prezado mestre Sandro,

Ainda sobre a Operação Moeda Verde, quem leu o artigo do DC On Line do dia 06 de maio intitulado “Rotina diferente na carceragem” se depara com relatos de comportamentos interessantes. Um dos presos não gostou da refeição servida no cárcere, composta de feijão, arroz, carne e salada. O que para muitos é um prato saboroso e eleito por nutrólogos como a composição alimentar ideal do brasileiro, para outros só desce goela abaixo quando estão varados da fome a qual não estão habituados a ter.

Mas o aspecto mais dramático foi o fato relatado ao DC pelo delegado Gilbran Soncini. Segundo ele, na quinta-feira o vereador Juarez Silveira se ajoelhou ao encontrar o empresário Paulo Toniolo Júnior e, chorando, pediu perdão por ter sido o causador da sua prisão. Imaginem, meus amigos, o que este ato significa para a psique deste indivíduo. Que força descomunal é capaz de levar um homem a agir desta forma?

Corrija-me, mestre, se eu estiver errado; penso que tanto o vereador quanto os demais investigados jamais esquecerão o que se passou na prisão da Polícia Federal. No caso específico do primeiro, a humilhação a que ele próprio se submeteu terá maior eficiência corretiva do que qualquer outra medida punitiva aplicada na eventualidade de culpa detectada.

Compartilho com a sua esperança. Oxalá estes sejam mesmo novos tempos, com o começo do fim da impunidade de uma casta que deveria honrar a sua situação social e economicamente privilegiada com ações exemplares ao invés de utilizá-la como facilitadora de atos ilícitos.

Um grande abraço.

Anônimo disse...

Nosso governador tem declarado que a operação Moeda Verde vai afastar os investidores da ilha. Ele acha que os empreendimentos na ilha são mais importantes que a preservação do nosso frágil meio ambiente, já tão maltratado. Como se a geração de empregos justificasse qualquer coisa, incluindo edificações sobre mangues, áreas de restinga, etc. Luiz Henrique deveria aproveitar melhor suas viagens à Europa e aprender um pouco com os administradores do velho continente. Por lá, eles já aprenderam que a maior riqueza é a qualidade de vida da população bem como a preservação de sua cultura e de suas cidades. Enquanto isso não ocorre, LHS poderia ao menos evitar dar opiniões equivocadas. O tráfico de drogas e a indústria da pirataria também dão muitos empregos. Será que, por isso, devemos incentivar a vida de tais “investidores” para cá? A operação Moeda Verde vai sim afastar alguns investidores, mas justamente aqueles nefastos para nossa cidade. Só por isso já teria sua importância. E mais um detalhe: em geral, os bons empregos gerados nos empreendimentos sob suspeita são dados a pessoas de fora. Os trabalhadores locais geralmente ficam com os piores empregos e com os menores salários. Provavelmente isso se deve ao preconceito (quase sempre injustificado) em relação aos nativos. Ou seja: em vez de empregar os habitantes locais, trazem pessoas de fora, aumentando ainda mais a já alta população da cidade. Basta ouvir os sotaques dos empregados para ver que estou certo. Poucos ousam afirmá-lo, mas é fato. Há alguns dias liguei para o cinema do shopping Iguatemi e fui atendido com a frase: “Cinesystem São Leopoldo, Boa noite!”.
Assim como muitos, também espero que a operação Moeda Verde seja um marco na história da cidade. E que ajude a mudar as mentalidades, não só de empresários e de governantes, mas também de muita gente que acredita que excesso de concreto é sinal de progresso. Florianópolis é especial por causa de sua cultura, de seu povo e de suas belezas naturais. Quem quiser ver obras grandiosas, gigantes de concreto, sempre terá a opção de ir a outras cidades. Mas não incentivem a destruição de nossa querida e linda terra.